Hakim Bey e Chico Buarque
Foi uma revelação, como se uma porta tivesse se abrido na minha mente para algo que eu ainda não conhecia. Eis a reação do Ju quando viu um documentário sobre o Burning Man, encontro que todos os anos reúnem milhares de pessoas interessadas em uma liberdade comum de existência, na qual cada um pode fazer o que quiser, andar como quiser, se portar como quiser e, por isso mesmo, dispensa qualquer tipo de controle coercitivo. Todos estão ali reunidos por uma necessidade compartilhada de viver algo transformador, nem que seja por 7 dias. A reunião, realizada em meio a um deserto inóspito em Nevada (EUA), reúne diversas peças de arte que ao final são queimadas. Outra peculiaridade dessa reunião é a economia baseada na troca. Nenhum tostão vale nada por ali.
Foi escutar isso e um turbilhão de coincidências vieram se juntar. Sem querer topei com um texto de impressionante impacto. Escrito por Hakim Bey, um manifesto sobre o terrorismo poético, prática de arte completamente revolucionária, que prega intervenções terroristas na forma de expressão artística. Uma arte impalpável, cuja mediação é mínima, que se dá no momento mesmo de sua realização. Um quebrar com as barreiras da mediação midiática. Mandei imediatamente para o Marson um e-mail - impressionante como nossos pensamentos oscilam na mesma freqüência - ele deu mais uma sapeada na net e encontrou mais textos do mesmo autor e a história de que se tratava de um ser um tanto opaco, que se esquiva de expor-se à mídia e é cultuado em diversos círculos da contracultura. Fuçando mais um pouco, descubro uma entrevista dele com minúcias interessantíssimas e uma introdução muito esclarecedora em bem escrita. Nela, ele fala da Zona Autônoma Temporária, espaços criados de liberdade plena dentro do sistema opressivo, enquanto este não se transforma em uma Zona Autônoma Permanente. Finalmente, ele toca no exemplo do Burning Man e a sinapse está feita. Estou até agora embasbacado com a descoberta, que, de abrir portas na mente do Ju, as abriu também na minha.
Por fim, escuto uma música do Chico ainda exótica e muito atraente para mim no meio da balada e fico com ela na cabeça, sem saber em que disco se encontra, como ouvi-la novamente. De repente, na ordem aleatória do Media Player a musica se abre. Como mágica, uma intervenção de peso em minha cabeça. Dessa vez, era Chico que abria o portal. A música, chamada Mambembe, está na trilha sonora do filme Quando o Carnaval Chegar e é um verdadeiro manifesto pelo terrorismo poético. Inconscientemente, ligado a Hakim Bey pelo mesmo instinto de artista mambembe, cigano, Chico faz a outra sinapse. Abaixo, a trascrição da música (as interrogações estão em versos que não consegui distinguir ao certo):
Mambembe
No palco na praça
no circo num banco de jardim;
correndo no escuro
pixado num muro;
você vai saber de mim
Mambembe, cigano;
debaixo da ponte
cantando
por baixo da terra
cantando
na boca do povo
cantando
Mendigo malandro
moleque mulambo
bem ou mal;
escravo fugido
ou louco varrido;
vou fazer meu festival.
Mambembe, cigano;
debaixo da ponte
cantando
por baixo da terra
cantando
na boca do povo
cantando
Poeta palhaço
pirata corisco
errante judeu, (?)
dormindo na estrada
não é nada não é nada; (?)
que esse mundo é todo meu.
Mambembe, cigano;
debaixo da ponte
cantando
por baixo da terra
cantando
na boca do povo
cantando
Foi escutar isso e um turbilhão de coincidências vieram se juntar. Sem querer topei com um texto de impressionante impacto. Escrito por Hakim Bey, um manifesto sobre o terrorismo poético, prática de arte completamente revolucionária, que prega intervenções terroristas na forma de expressão artística. Uma arte impalpável, cuja mediação é mínima, que se dá no momento mesmo de sua realização. Um quebrar com as barreiras da mediação midiática. Mandei imediatamente para o Marson um e-mail - impressionante como nossos pensamentos oscilam na mesma freqüência - ele deu mais uma sapeada na net e encontrou mais textos do mesmo autor e a história de que se tratava de um ser um tanto opaco, que se esquiva de expor-se à mídia e é cultuado em diversos círculos da contracultura. Fuçando mais um pouco, descubro uma entrevista dele com minúcias interessantíssimas e uma introdução muito esclarecedora em bem escrita. Nela, ele fala da Zona Autônoma Temporária, espaços criados de liberdade plena dentro do sistema opressivo, enquanto este não se transforma em uma Zona Autônoma Permanente. Finalmente, ele toca no exemplo do Burning Man e a sinapse está feita. Estou até agora embasbacado com a descoberta, que, de abrir portas na mente do Ju, as abriu também na minha.
Por fim, escuto uma música do Chico ainda exótica e muito atraente para mim no meio da balada e fico com ela na cabeça, sem saber em que disco se encontra, como ouvi-la novamente. De repente, na ordem aleatória do Media Player a musica se abre. Como mágica, uma intervenção de peso em minha cabeça. Dessa vez, era Chico que abria o portal. A música, chamada Mambembe, está na trilha sonora do filme Quando o Carnaval Chegar e é um verdadeiro manifesto pelo terrorismo poético. Inconscientemente, ligado a Hakim Bey pelo mesmo instinto de artista mambembe, cigano, Chico faz a outra sinapse. Abaixo, a trascrição da música (as interrogações estão em versos que não consegui distinguir ao certo):
Mambembe
No palco na praça
no circo num banco de jardim;
correndo no escuro
pixado num muro;
você vai saber de mim
Mambembe, cigano;
debaixo da ponte
cantando
por baixo da terra
cantando
na boca do povo
cantando
Mendigo malandro
moleque mulambo
bem ou mal;
escravo fugido
ou louco varrido;
vou fazer meu festival.
Mambembe, cigano;
debaixo da ponte
cantando
por baixo da terra
cantando
na boca do povo
cantando
Poeta palhaço
pirata corisco
errante judeu, (?)
dormindo na estrada
não é nada não é nada; (?)
que esse mundo é todo meu.
Mambembe, cigano;
debaixo da ponte
cantando
por baixo da terra
cantando
na boca do povo
cantando
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